quinta-feira, 23 de outubro de 2008

VIGÉSIMO QUARTO ENCONTRO


23 de Outubro de 2008



Ortografia- Refletir sobre normas ortográficas que podem ser compreendidas e memorizadas.

Hoje meu querido colega Roldão além de ler o caderno compartilhado, me presenteou com o mesmo.

Ouvimos a história "Um plano de aula do professor" de Sue McFadzen e "Ostra Feliz não faz pérola" de Rubem Alves.

A aula de hoje foi embasada nos estudos feitos por Artur Gomes de Morais, professor da Universidade Federal de Pernambuco.

A Tutora Adriana nos ditou quatro frases de palavras que não existem. Irei demonstrar a forma com que escrevi e a forma como que ela ditou.


1ª frase- Afatiba febo pedabe (A fatipa vebo podabe.)


2ª frase- Zambão sarrega o japequinho. (Escrevi como ela ditou.)


3ª frase- Maria linfo o jamoso peixaral. (Maria linfou o jamoso peixaral.)


4ª frase- U circuchento circujentou a Jamara. (O circuxento ortecujou a jimália.)


Depois que cada um escrevia as palavras ditadas, alguns foram até o quadro para escrever a forma como registraram. As frases ficaram bem engraçadas. A última frase foi a mais complicada de se escrever.


Em relação a 1ª frase o professor Artur Morais, fala das regularidades diretas. Que apesar de serem mais fáceis, as crianças ainda trocam o F, B, P, D, T, até pelos sons serem parecidos. Miriam Lemle apresenta isso como relações monogâmicas 1 para 1. Um som para uma letra.

Essas palavras ditadas não estão no dicionário mental das pessoas,até porque não existem. Por isso apareceram tantos registros distintos.O mesmo ocorre com muitos de nossos alunos no momento do DITADO.


Em relação a 2ª frase, o Professor Artur Morais fala das regularidades contextuais. É possível ensinar a grafia correta sem precisar memorizá-las. Exemplos: Zambão. Sabemos que o som / Z /nessa posição,ou melhor,nesse contexto, só pode ser representado pela letra Z.


Sobre a 3ª frase o professor explica sobre as regularidades morfológicas.O conhecimento gramatical nos auxiliará na compreensão das regras. É preciso compreender e não memorizar. Exemplo disso é que toda palavra que representa coleção terminada em /AU/ será com L como em “peixaral”.Exemplos: canavial,milharal,manguezal.


Sobre a 4ª e última frase, ocorre as irregularidades ou regras arbitrárias. Não há de fato regras para ajudar o aprendiz. Na dúvida consulte um dicionário e/ou memorize.

Como saber se a palavra seguro e cidade começam com S ou com C? Pesquisando no dicionário ou memorizando. Não há regra que explique isso. Também ocorre com palavras escritas com X e CH, G e J.

As frases 1, 2 e 3 podem ser relacionadas e reconhecidas. Já a 4 é preciso que memorize ou que use o dicionário. Três quartos da Ortografia da Língua Portuguesa são compreensão, apenas um quarto é memorização ou pesquisa.


A ortografia é algo recente. Foi criada para convencionar o que antes era muito variado. Antigamente a palavra farmácia se escrevia assim: PHARMÁCIA. Com a mudança das regras ortográficas eliminou-se o H. A língua é viva e por isso ocorre mudanças.

Quando uma criança está no nível pré-silábico ou silábico, não se deve trabalhar ortografia, deve-se apenas começar esse trabalho quando a criança já dominar a escrita alfabética. O professor deve repensar a sua postura em sala de aula, diante dos "erros", fazer uma triagem dos "erros", levar a refletir a respeito da regra ortográfica, indicar a consulta ao dicionário.


Complementos:

Grupo de força- é quando se junta as unidades. (bola amarela- bolaamarela)

Segmentação- é quando se separa as unidades. (então- em tão)

Monotongação- é a transformação de um ditongo em um monotongo. (queijo- quejo)


A partir da aula de hoje, vou rever os ditados aplicados de outra maneira. Procurar entender o que o aluno quer dizer. Até porque a maioria das palavras que ditamos, os alunos não estão familiarizados com elas. Uma colega do curso deu uma idéia interessante sobre um trabalho que fez com ditado. Utilizou uma música e os alunos tiveram que registrar todas as palavras que conseguiram ouvir da letra. Vou tentar fazer isso na minha sala e ver no que vai dar.


Um comentário:

sadrianna disse...

Jóia!
Fico feliz em saber que a SEDF possui professores tão comprometidos com a formação continuada como vc.
Bjs.